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“Nosso trabalho na Lava Jato não vai significar nada se não forem feitas reformas efetivas”, afirma Deltan Dallagnol na abertura do 35º Encontro Estadual

26/08/2018

A palestra do Procurador da República e coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, animou e emocionou o público no primeiro dia do 35º Encontro do Ministério Público de Santa Catarina. Logo de início, o palestrante agradeceu o apoio que a sociedade dá à operação Lava Jato e pediu o reconhecimento dos líderes institucionais que colaboram no combate à corrupção. Deltan abordou “A luta contra a corrupção e as eleições de 2018” em sua fala.

O procurador se mostrou muito à vontade em meio aos membros do MP que o assistiam e atribuiu isso ao ambiente onde cresceu, já que seu pai é o Promotor de Justiça do  Ministério Público do Paraná, Agenor Dallagnol. Ele aproveitou o momento para fazer um pequeno agradecimento ao pai, que o assistia da plateia.

Dallagnol propôs ao público contar duas histórias, fazer três reflexões e deixar um desafio. Os relatos feitos pelo procurador se somavam para contar a sua trajetória dentro da operação Lava Jato. Começando pelo convite, que recebeu em 2014, para participar da investigação que daria origem à Lava Jato. Ele conta que não se convenceu de primeira, pois nesta fase a operação contava com mais de 80 mil documentos que precisavam ser analisados e acreditava que esta carga de trabalho exaustiva seria desnecessária para uma operação que estava fadada ao fracasso.

No início da operação, Deltan havia terminado seu mestrado pela Universidade de Harvard e buscava ações eficazes de mudança de um sistema que considera suscetível a ações de corrupção, como palestrar e dar aulas. Mas mesmo assim acabou aceitando o convite e mais tarde passou a coordenador a operação.

O Procurador comentou sobre algumas características comumente polêmicas da operação, como o excesso de fases e de exposição midiática, defendendo a necessidade de comunicação para conseguir o apoio de diversas camadas da sociedade. Ele reconhece que vivemos em sistema de corrupção e que iniciativas como a Lava Jato, sozinhas, não podem reverter esse quadro. “Todo o nosso trabalho não vai significar nada se não forem feitas reformas efetivas”.

Paralelo ao desenvolvimento da Lava Jato, Dallagnol participou de uma campanha, de iniciativa popular, que contou com a assinatura de mais de dois milhões de brasileiros: as “10 Medidas Contra a Corrupção”. A proposta se tornou projeto de lei e foi encaminhada para votação no congresso, mas acabou sofrendo severas alterações e perdeu o seu caráter inicial. “Eles destruíram aquele pacote contra a corrupção e ainda nos empurraram um projeto de abuso de autoridade cheio de pegadinhas. Driblaram as minhas esperanças aquela noite”.

Para Deltan, este foi um dos momentos mais difíceis da sua trajetória. Com experiências anteriores em casos de grande repercussão nacional, como o escândalo do Banestado, em que, apesar dos esforços empreendidos tudo acabou em impunidade, ele afirmou que pela primeira vez pensou em desistir de lutar contra esse problema sistêmico de nossa sociedade.

Apesar da decepção com o projeto das 10 Medidas, o Procurador acredita no poder de organização da sociedade civil para cobrar as mudanças. Hoje ele encampa a campanha “Unidos Contra a Corrupção”, que se se propõe a incentivar um engajamento civil e implantar novas medidas contra a corrupção. A campanha visa as eleições presidenciais de 2018 e elenca três requisitos que a população deve considerar para escolher um candidato: passado limpo; compromisso com a democracia e endosso às novas medidas contra a corrupção.

Ligado aos ideais da campanha, o procurador se encaminhou para o final da palestra apresentando as três reflexões que sugeriu no início. Dentre elas estavam: 1) Se quisermos menos corrupção, não devemos colocar expectativa de mudança sob a justiça; 2) precisamos de pessoas dispostas a dizer não às propinas; 3)  Se esperamos mudança, precisamos exercer nossa cidadania.

Como modo de promover a campanha, Deltan Dallagnol propôs um desafio ao público: que nos próximos três dias eles apresentassem a campanha a cinco pessoas do seu círculo de relações. Para firmar o compromisso, gravou um vídeo com a plateia que fez um coro ao repetir os três ideais do “Unidos Contra a Corrupção”. Com um perceptível clima de motivação, a palestra chegou ao fim com essa promessa de engajamento na luta contra a corrupção e no exercício do papel social de cada um.

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Assessoria de Imprensa ACMP

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